ABSTRACT
Desenvolvimentos tecnológicos e novas práticas médicas estão reconfigurando a experiência de morrer. Sob essa ótica, realizamos um estudo etnográfico em um hospital geral no Nordeste brasileiro, enfocando as práticas médicas junto a pacientes críticos na Unidade de Tratamento Intensiva. Observamos condutas médicas de aceitação da morte, tais como: não reanimar pacientes considerados irrecuperáveis, ajuste do respirador para controle menos rigoroso e diminuição de drogas psicoativas. Identificamos uma ética informal existente entre o grupo médico da unidade, que possibilita tais condutas. Apesar de não corresponder às diretrizes formalizadas pela instituição, esta ética informal reinventou estas diretrizes à luz de dilemas cotidianos e adquiriu, ao longo do tempo, uma normatividade, consolidando-se como um bioética local. Essa reinvenção aponta para novas formas de experiências que emergem da interação de avanços biocientíficos, poder médico e padrões locais de exclusão e inclusão social.
Subject(s)
Bioethics , Death , Ethics, Medical , Euthanasia, Passive/ethics , Resuscitation Orders , Suicide, Assisted/ethics , Terminally Ill , Medical Futility , Qualitative ResearchABSTRACT
Neste trabalho são apresentados dados referentes à etiologia e ao tratamento do tabagismo na esquizofrenia, objetivando uma revisão das evidências científicas que possam ajudar no estabelecimento de um protocolo de atendimento da dependência de nicotina nessa população. A prevalência do uso de tabaco nos indivíduos com esquizofrenia situa-se entre 50 por cento e noventa por cento. Apesar de altíssima, essa prevalência não tem estimulado a criação e o estudo de novos programas que visem a sua redução entre nós. A carência de tais programas pode representar uma concepção desse comportamento na esquizofrenia como causado pela ação positiva da nicotina na redução dos sintomas psicóticos e efeitos extrapiramidais dos neurolépticos. Contudo a hipótese da automedicação não explica o início do uso do tabaco, na maioria desses indivíduos, antes do primeiro surto psicótico. Tal fato favorece a hipótese de um substrato neurológico comum às duas condições. Além disso, ensaios clínicos recentes vêm encorajando a utilização de técnicas comportamentais adaptadas ao déficit cognitivo na esquizofrenia e ao baixo funcionamento social desses pacientes em associação à reposição de nicotina e ao uso antidepressivo bupropiona, este em doses diárias de 150 a 300mg, semelhantes às utilizadas na população geral de tabagistas.
Subject(s)
Humans , Bupropion , Cognitive Behavioral Therapy , Combined Modality Therapy , Nicotine , Schizophrenia , SmokingABSTRACT
Ocorrem três possibilidade quando se tenta encontrar uma associaçäo entre os níveis sanguíneos dos neurolépticos e a resposta clínica: 1) relaçäo de tipo linear ou sigmóide; 2) relaçäo do tipo curvilíneo bif sico com uma zona de concentraçäo ótima ou "janela terapêutica", e 3) ausência de qualquer tipo de associaçäo. Existem mais de 50 estudos sobre os níveis sanguíneos dos neurolépticos e sua relaçäo com a resposta clínica. O haloperidol, por ser o mais estudado, é o único que permite algumas conclusöes. Tem sido sugerido que a flagrante falta de concordância entre os diversos estudos resulta da heterogeneidade da qualidade desses estudos. Desenvolvemos um método para avaliar a qualidade de tais estudos. De acordo com este método, nenhum (0/14) dos estudos com escore < 0,60 foi capaz de demonstrar a presença de janela terapêutica, em comparaçäo com 53 por cento (10/19) daqueles com escore > 0,60 (p = 0,002, teste exato de Fisher). Ademais, os estudos capazes de identificar a presença de janela terapêutica durante o tratamento com haloperidol foram aqueles com amostras > 20 (p = 0,06) e aqueles cujos pacientes foram tratados com doses fixas (p = 0,02). O diagnóstico de esquizofrenia näo pareceu uma condiçäo exclusiva, em comparaçäo com os estudos que incluíram pacientes com o diagnóstico de transtorno esquizoafetivo ou esquizofreniforme (p = 0,12). Nesta avaliaçäo crítica da literatura, sugerimos a existência de um limite superior de 17-20ng/ml para a efic cia do haloperidol; valores superiores a este limite näo parecem proporcionar qualquer melhora clínica suplementar e podem mesmo reduzir o efeito terapêutico por prov vel toxicidade